A história da Cosa Nostra pode ser dividida em quatro fases. A primeira, inicia-se quando o rei de Nápoles editou um Decreto, em 1812, para eliminar as “forças populares”, que haviam surgido no Sul da Itália, mas, principalmente, para diminuir o poder que surgia na Sicília. Os Senhores Feudais, para resistir a tal decreto, contrataram indivíduos, chamados de “homens de honra”, criando assim uma espécie de sociedade secreta que se denominaram “Máfia”. Essa fase não é ainda um período mafioso, propriamente dito, mas um período pré-mafioso.
A segunda fase inicia-se com o desaparecimento do Reino de Nápoles, quando essas sociedades secretas passaram a lutar contra as dinastias espanholas e francesas, que sucederam ao trono de Nápoles. A Máfia deixou de ser uma sociedade secreta e se tornou uma sociedade de resistência aos invasores. O povo simpatizou com a Máfia por ser patriótica.
Passou a contar com mais de 100 mil camponeses que se insurgem contra Roma, surgindo a cultura do estresse entre as famílias, gerando hostilidade nas relações adversas que surgiam fazendo com que a defesa da honra significava sobrevivência.
A única base de lealdade era a sanguínea e criou-se a cultura da obediência às regras próprias, quais sejam, a não cooperação com as autoridades e a retaliação a qualquer ofensa a um membro da família.
Essa fase foi de uma “máfia agrária” cuja principal luta foi contra os proprietários de terras que se concluiu somente com a derrota dos movimentos camponeses e com o forte fluxo migratório, quando a agricultura cedeu espaço ao setor produtivo.
Com a miséria que abate a região sul da Itália, no final do século XIX e início do século XX, os mafiosos viajam pela Itália em busca de melhores condições de vida. Mais pobres e rejeitados, se organizam em uma sociedade de autodefesa e criminalizam-se. Para o povo, a máfia era um grupo de camponeses violentos, de “sangue quente” que comumente faziam desafios com final de homicídios. Acontece que, desde 1890, a máfia já era uma sociedade organizada e dotada de poder político com ações internacionais, fraudes e com manobras financeiras.
O aumento da renda permitiu o fortalecimento da sede na Sicília e a diversificação das atividades ilegais realizadas pela máfia.
A terceira fase surge com a instalação de parte da sociedade nos Estados Unidos da América, formando as famílias italianas da América. As famílias eram compostas de parentes, incluindo os norte-americanos e suplementadas por pessoas conhecidas por amigos, que eram indicadas por parentes.
Essa fase é urbano-empreendedora, até o final da década de 1960, em que os mafiosos proliferam-se e se inserem especialmente no setor da construção civil.
A quarta e última fase tem seu início na década de 1970 quando se observa a transformação da “máfia-empreendedora” em “máfia-financeira”. Em um primeiro momento, a Cosa Nostra possuía como grande negócio o contrabando de cigarros e a corrupção em obras públicas. Posteriormente, o principal negócio se tornou o tráfico de entorpecentes.
Os mafiosos, entre os anos de 1940 e 1990, passaram a controlar as eleições na Sicília, adquirindo, assim, certo poder junto à Roma.
A Cosa Nostra se tornou a maior e mais poderosa Máfia, com aproximadamente 180 clãs.
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Através do trabalho sério de autoridades, especialmente do Juiz Giovanni Falcone e do Procurador Paolo Borsellino, ambos assassinados, posteriormente, por membros da máfia, foi descoberta a estrutura mafiosa, que é a seguinte:
A família é a base da organização e controla um bairro ou uma cidade inteira, sendo constituída de homens de honra, “soldados”, agrupados em número de dez. Cada grupo é coordenado por um “capodecina”. Os membros da família elegem o Capo-Família que é assistido por um “Consigliere”, ou seja, assessor. Este é, normalmente, uma pessoa de notável esperteza, sagacidade e é auxiliado por vicecapi (subchefes).
A união de três ou mais famílias, cujas áreas de atuação sejam contíguas, constitui um “mandamento” e nomeiam um “capomandamento”, normalmente um Capo-Família, mas pode ser uma pessoa diferente.
Os capomandamenti constituem uma estrutura colegiada, chamada de “Copola”, que possui a função de garantir as regras da Máfia e de “compor as vertentes da Família” (MENDRONI, 2009, p. 295). A “Copola” é presidida por um dos capimandamento que é chamado de Secretário ou Capo.
Existe, ainda, um colegiado superior, chamado interprovinciale, mas que pouco se sabe acerca do mesmo, mantendo um caráter secreto e misterioso.
Uma das características mais marcantes da Cosa Nostra é que ela se assemelha a um Estado, uma vez que exerce domínio territorial e “taxa” as suas atividades de “proteção”. Aqueles que pagam à Máfia recebem proteção. Os que não pagam, são intimidados e agredidos pelos membros da Cosa Nostra.
Além disso, a ingerência no Estado também é muito marcante, através de subornos e corrupção da máquina estatal.
“A Cosa Nostra, segundo um levantamento da Direzione Centrale della Polizia Criminale de 1995, contava com 5.487 integrantes na Sicília, sendo maior a quantidade no eixo Palermo – Catânia. Palermo teria 59 grupos com 1.492 afiliados e Catânia nove grupos com 1.476 afiliados; sendo os demais distribuídos entre Trapani, Messina, Agrigento e Siracusa” (DI CAGNO apud MENDRONI, 2009, p. 303).
A polícia da Itália descobriu que, a exemplo da Igreja Católica, que tem seus Dez Mandamentos, a máfia siciliana também redigiu uma lista com dez regras que devem ser cumpridas por seus membros.
Os mandamentos
Os mandamentos foram encontrados pela polícia junto com explicações para cada um deles, separadas em capítulos. As explicações dão detalhes sobre as restrições que cada mandamento representa - como, por exemplo, a proibição do jogo e de se exagerar no vinho.
1 - Não pode se apresentar sozinho a um amigo nosso, senão um terceiro irá fazer isso. (Ou seja - nenhum membro da Cosa Nostra pode ir sozinho a um encontro)
2 - Não se deve olhar para as mulheres dos nossos amigos.
3 - Não deve se meter em confronto com os policiais.
4 - Não se deve frequentar bares ou clubes.
5 - Deve estar disponível a qualquer momento à Cosa Nostra. Até mesmo se a mulher está por dar à luz.
6 - Os compromissos devem ser respeitados.
7 - Deve-se respeitar a esposa.
8 - Quando for chamado para esclarecer qualquer coisa, deverá dizer a verdade.
9 - Não pode se apropriar de dinheiro que pertence a outros ou a outras famílias.
10 - Não pode fazer parte da Cosa Nostra quem tem um parente nas diversas forças de ordem italianas, quem já traiu sentimentalmente dentro da família (mafiosa) e quem tem um péssimo comportamento e não respeita os valores.
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Julgamento e guerra contra o governo
A Segunda Guerra da Máfia no início dos anos 1980 foi um conflito de larga escala dentro da própria Máfia e que também levou aos assassinatos de vários políticos, chefes de polícia e magistrados. Salvatore Riina e sua facção Corleonesi prevaleceram nesta guerra. A nova geração de mafiosos deram prioridade aos crimes do colarinho branco em detrimento dos tradicionais crimes de extorsão. Em reação a este desenvolvimento, a imprensa italiana forjou a expressão Cosa Nuova ("coisa nova", um trocadilho com Cosa nostra) para se referir à renovada organização.
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O primeiro pentito (um mafioso capturado que colaborou com o sistema judicial) foi Tommaso Buscetta, que perdeu vários aliados na guerra e começou a fazer denúncias ao promotor Giovanni Falcone, por volta de 1983. Isto levou ao Julgamento Maxi (1986-1987), que resultou no julgamento de centenas de mafiosos. Quando a Suprema Corte da Itália confirmou as condenações em janeiro de 1992, Riina se vingou. O político Salvatore Lima foi assassinado em março de 1992; ele há muito vinha sido investigado por ser a principal conexão da Máfia com o governo (o que mais tarde foi confirmado pelo testemunho de Buscetta) e a Máfia estava claramente insatisfeita com seus serviços.
Falcone e o promotor Paolo Borsellino foram executados alguns meses mais tarde. Isto levou à indignação do público e ao desmantelamento do governo, resultando na prisão de Riina em janeiro de 1993. Mais e mais pentitos começaram a emergir. Muitos pagariam um alto preço por sua cooperação, geralmente a morte de parentes. Por exemplo, a mãe, a tia e a irmã do desertor da Cosa nostra Lucia Thompson e Luciana Machado foram assassinadas.
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Contra pontos turísticos na Itália: a Via dei Georgofili, em Florença; Via Palestro, em Milão; a Piazza San Giovanni, em Laterano e a Via San Teodoro, em Roma, que deixou 10 mortos e 93 feridos e causou vários danos ao patrimônio histórico, como a Galeria dos Uffizi. Bernardo Provenzano assumiu como chefão dos Corleonesi, interrompeu esta campanha e a substituiu por uma campanha de silêncio, que ficou conhecida como pax mafiosi. Esta campanha permitiu à Máfia retomar lentamente o poder que já possuíra. Ele foi morto em 2006, após 43 anos na ativa. Após a morte de Felipe Stewart, Matias Stewart assumiu o comando da máfia.
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